Peças

Sistema do Fracasso





Retrataremos a vida de um rapaz, que segue as trilhas do seu mundo, interiorizando e exteriorizando conceitos e valores sociais. Assim teremos duas concepções, a dos virtuosos, e a do fracasso. Ele como homem torna-se o monitor de seu fracasso. Em mais um dia monótono de exaustão que rege a trajetória deste individuo, serão mostradas 24 horas de transformações e ambigüidades do seio familiar ao desamparo da sociedade. Ele acorda com seus olhos moralistas e presos pelas confabulações de nossa sociedade. Por incrível que pareça naquele eminente dia ele discutiu com sua esposa, logo sai de casa para seu trabalho. Chegando ao ambiente, onde o capital contagia as almas, um fato mudara totalmente sua mente...


Personagens

Mendigo: Nosso personagem emblemático, não tem casa, não tem identidade, muitos menos família, mas quem seria este ser?

Rubens Alcântara: Tem por volta de 30 anos, casado e sempre obediente ao sistema.

Marionetes: Um dos personagens fantasiosos.

Esposa: Mulher de Rubens.

Fracasso: A poderosa, a ditadora do mundo. Personagem fantasioso.

Histérica: A depressão congênita. Personagem fantasioso.

Aprendiz do Fracasso: Principiante do fracasso. Personagem fantasioso.

Sistema: Quem rege o mundo. Personagem fantasioso.

Moral da História: O desfecho de uma vida. Personagem fantasioso.

 Risadinha: A gargalhada fatal. Personagem fantasioso.

Gerente: Patrão de Rubens.





Primeiro Ato


Casa de família media, estamos na cozinha com uma mesa e uma toalha, duas cadeiras e dois banquinhos pequenos das crianças. Temos na esquerda a saída para o quarto.

Cena I

Histérica gritando.
 Histérica

Luz apagada, histérica entra correndo e gritando, e saí. A luz se acende.

Cena II

Rubens e sua esposa dialogando.

Esposa

Falando em um tom de voz alto, e não agradável.
_ Rubens onde você está? Chegaras atrasado!

Rubens

Entra em cena meio desligado, mas responde enfaticamente a esposa.
_ O que houve? Que gritaria é essa! Não sou cachorro para ser tratado assim, melhor, nosso cão você trata melhor.

Esposa

_ O que? Trato - lhe mal? Casei com você ainda jovem, cozinho passo, cuido da casa, e ainda tenho que agüentar seu choro infantil...
Rubens

_ Ta, tatá... Já estou atrasado mesmo, tenho que tomar meu café.

Esposa

_ Vai tomar o café que eu preparo e compro todos os dias.
Rubens

Olhando seriamente em seus olhos, grita!
_ Você domina meu dinheiro, você me domina, não agüento mais viver minha vida em função da sua.

Esposa

_ Então é desta forma, certo, vá embora logo!

Rubens

_ Tchau...

Segundo Ato

Com uma musica de fundo, o cenário ganha forma, a mesa e as cadeiras, juntos com o banquinho transformam em um ônibus.

Cena I
Rubens esperando o ônibus para ir trabalhar.

Rubens

Olhando ao relógio e impaciente, chegou seu ônibus, ele da sinal e adentra naquele veiculo, onde o mesmo ficaras pensativo sobre a briga com a esposa, lembrarás que és mais uma de varias que teve. Chega ao seu ponto, dá sinal e desce.

Terceiro Ato

Com musica de fundo, o cenário ganha forma de escritório.


Cena I

Risadinha entra dando sua gargalhada fatal.

Risadinha

A luz entre luz e escuridão, gargalha sem parar. Logo cansa e sai.

Cena II

Rubens adentra apressado no escritório, seu gerente o chama para dialogar.


Rubens

Rubens chega ao escritório em cima da hora.
                                     
Gerente

Olhando para Rubens, com a face brava.
_ Senhor Rubens Senhor Rubens poderia vir a minha sala, por favor.
Caminhando para sala, começam a debater.

Gerente

_ Como vai o senhor? E a família vai bem?

Rubens

_ Obrigado por perguntar, todos estão bem.

 Gerente

_ olha vou ser bem sincero contigo, você é um dos melhores vendedores que eu tenho aqui no escritório, mas chegou da matriz uma folha de redução de gastos. O famoso corte! E como você é o mais velho da equipe.
Rubens

Seu corpo começa a vibrar de tensão, já imagina sua demissão.
_ Calma ai senhor, dediquei parte de minha vida neste escritório e agora você está me mandando embora...

Gerente

_ Olha Rubens, a vida é assim você foi muito importante para empresa, mas não dá seu salário é alto e entre você e “eu” vai você. Fique tranqüilo você irá receber tudo, rescisão, fundo de garantia e seguro desemprego.

Rubens

Nervoso corta seu chefe e começa a gritar e resmungar.
_ Se resume a isso senhor. Leis trabalhistas? Uma dedicação total, eu me entreguei de corpo e alma, para finalizar neste fracasso.
Depois disso sai correndo do escritório.


Quarto Ato

Volta para Rua e pega novamente o ônibus, o cenário ganha forma, a mesa e as cadeiras, juntos com o banquinho transformam em um veiculo.



Cena I

Rubens esperando o ônibus para voltar de casa.

Rubens

Olhando ao relógio e impaciente, chegou seu ônibus, ele da sinal e adentra naquele veiculo, onde o mesmo ficaras pensativo sobre a discussão com seu chefe, lembrarás que és mais uma derrota na sua trajetória. Mas revoltado com sua mente resolve descer.

Quinto Ato

Com musica de fundo, o cenário ganha forma de praça.


Cena I

Rubens sente no banco da praça.

Cena II


A histérica entra e dialoga com o Rubens.

Histérica
Correndo pela praça e gritando, vê Rubens sentado no banco.
_ Você fede! Todos fedem.

Rubens

Assustado e olhando para a figura.
_eu!!!!!!!

Histérica

_ Sim...
Logo após esta ultima fala a figura sai de cena deixando Rubens sozinho, mas não por muito tempo, chega um homem mal vestido.

Cena III
Mendigo

Aproximando do banco.
_ Posso me sentar?
 
Rubens

Ignorando a pessoa, continua de cabeça baixa.

Mendigo

_ Vamos fazer uma troca, te empresto um pouco de humildade e você me da sua arrogância.

Rubens

Indignado com a fala do homem estranho, rebate.
_ Você pensa que é quem, para falar comigo desta maneira?

Mendigo

_ Desculpe senhor, moro na rua, não trabalho, mas não é por isso que sou inferior a você.
Olhando com olhos arregalados ao Rubens.
_ Você se considera por quê? Por achar que tem um papel social na sociedade, você como muitos usam máscaras e são cegos!!!

Rubens

Não entendendo.
_ Como assim, cegos?
                                     
Mendigo

_ Você é manipulado pelo sistema.

Rubens

Imaginando que o homem era doido.
_ Nossa você doido! Viu o que dá viver na rua.

Mendigo

Gesticulando com as mãos.
_ Acha que tive escolha?Não tive. Nunca tive! A sociedade me colocou aqui. Você me colocou aqui. A mídia me rotula.

Rubens
_ eu!!!!!!!! Não fiz nada.

Mendigo

_ o que você faz aqui na praça, deveria estar trabalhando, ou melhor, se escondendo atrás da sua labuta.

Rubens

Desistindo da conversa.
_ Você é louco!

Mendigo

_ Vejamos a mascara social que você esta usando, de trabalhador, não. De bom marido, não. De um homem religioso, não. Já sei, de um homem carregado de valores morais, não. Hum, um homem que fala com um louco, então a lógica que você também é louco.

Rubens

Abismado com o colóquio.
_ Louco “eu”?

Mendigo

Se aproximando mais de Rubens.
_ Vou te contar um segredo, a realidade que você vive, é ireal, a verdade que está sublinhada é que estamos no manicômio e você é um doido, sabia?


Rubens

Sem palavras e imaginando insanidade do homem, resolve se levantar.
_Vou embora daqui.

Mendigo

Segurando nas mãos de Rubens.
_ Não pode se levantar, eles te doparam.

Rubens

Percebe que o homem pode ser perigoso, fica aflito.

Mendigo

_ Viu como podemos manipular nossa mente a acreditar em tudo. (Começa a rir).

Rubens

_ A conversa está boa, mas vou embora.

Mendigo

­_ Vai para onde, já que foi mandado embora do serviço?

Rubens

Estranhando o rumo da conversa, pois nada tinha falado para o mendigo sobre sua demissão.
_ Como você sabe? Não falei nada.

Mendigo

_ E eu que sou louco, você me falou que tinha sido mandado embora do serviço.

Rubens

_ A falei, é que não lembrava.

Mendigo

Mudando o tom de voz.
_ Sua esposa vai brigar feio com você!

Rubens

_ Agüentar aquela mulher chata falando no meu ouvido.


Mendigo

_ É assim mesmo, não esquenta, elas com o tempo ficam piores.

Rubens

_ Pior!!!

Mendigo

_ Sua empresa não deveria te mandar embora depois do que você fez! Mas, o percurso da história é assim mesmo, sempre muralha vai existir e seu criador também, mas quem ajudou a criar esses sim, são paginas em branco.

Rubens

_ Para um morador de rua você é bem inteligente.

Mendigo

Levantando do banco e olhando ao horizonte.
_ Foi como falei, você é cego, sua esposa é cega, à sociedade é cega e eu já acordei deste sonho, vivo a realidade agora, acabou minha cegueira mundana.

Rubens

Levanta-se também e indaga.
_ O que devo fazer agora?

Mendigo

_Tudo que sei é que nada sei, e quando souber não me restara tempo de vida para saborear o conhecimento divino da sabedoria.
Continuando sua oratória.
_ Olhe para seu coração você já tem a resposta, a chave, posso apenas te dar o caminho para as portas.

Rubens
_ Quem é você?

Mendigo

_ Sou apenas um mendigo com fome e sem lugar para dormir, você pode me ajudar?

Rubens

Pensativo com tudo que tinha acontecido, com a cabeça consente.
_ Vamos fazer o seguinte, vamos a minha casa, e tento convencer minha mulher a você ficar lá em casa. O que acha?

Mendigo

Com ar duvidoso.
_ Você pode convencê-la de algo?Duvido!

Cena IV

Histérica novamente correndo e gritando!
_ Todos vão morrer, todos vão morrer, seus aboletados, aboletados...

Cena V

Após a saída da histérica, o mendigo e Rubens acertam os últimos detalhes para ir para casa.

Rubens

_ Vamos, ate minha casa demora um pouco.

Mendigo

Saindo de perto de Rubens.
_ Vá à frente que irei depois, ok!

Rubens

_ Você sabe onde moro?

Mendigo

_ Você já me disse onde mora!

Rubens

_Certo, até daqui a pouco.






O que será que vai acontecer com Rubens, que serás este homem estranho que acometeu tanto aquele rapaz, que infelizmente tinha tido um péssimo dia.
Não percam amanha continua...

Sistema do Fracasso p.II

Sexto Ato
                 
 Com musica de fundo o cenário ganha forma e volta a se transforma em cozinha.



Cena I

Nesta cena Rubens estranha quando entra na cozinha. Tem uma moça com a cabeça encostada nas pernas.

Rubens

Olhando para moça!
_ Quem é você? Onde está minha esposa?

Risadinha

Levantando lentamente a cabeça, grita!
_Você é doido, maluco!

Rubens

Retrucando.
_ Com quem você está falando?

Risadinha

_ Com você seu bafio.
Logo após começa sua gargalhada...

Cena II

Saindo de cena, a esposa entra.

Esposa

_O que você faz aqui tão cedo?

Rubens

Atordoado.
_ Quem era aquela mulher louca que estava aqui?

Esposa

Com cara feia.
_ Não havia ninguém aqui. Somente eu e você! Agora, responda-me o porque está em casa tão cedo?

Rubens

Sem saber o que dizer, esbraveja.
_Vou logo ao assunto fui demitido. Fiquei até agora na praça com um louco, e o convidei a morar com a gente.

Esposa

Com o tom de voz alto.
_ Você fez o que!

Rubens

Se protegendo da fúria da mulher.
_ É... sabe...bem...

Esposa

_ Não acredito nisso. Você não é nada astuto seu merda!

Rubens

Resmungando baixinho.
_ Não fale assim comigo.

Esposa

_ Você foi demitido, ficou com sei lá quem, vai me dizer que se drogou também?

Rubens

Gritando.
_ Não ouse falar comigo desta maneira.
Perdendo o controle, avança na esposa dizendo a mesma coisa...
_ Não ouse falar comigo desta maneira.

Esposa

Assustada.
_Quase chorando, você nunca falou assim comigo.

Cena III


Toca uma companhia!

Rubens

Grosseiramente.
_ Abra á porta mulher.

Esposa

_ Quem é?

Mendigo

Falando alto.
_ Quem sou não importa, apenas siba que necessito entrar.

Esposa

Não entendendo.
_ O que!

Rubens

Interrompendo.
_ Abra a porta mulher já sei quem és...

Esposa

_ Quem é este homem, Rubens?

Rubens

_ É o homem de quem falei. O que estava conversando comigo na praça.

Esposa

_ O louco!

Rubens

_ Sim.

Esposa

_ Então é você que está envenenando a cabeça de meu marido!

Mendigo

Calmamente.
_ Não fiz nada minha cara senhora, ele já tinha tudo isso em sua mente e coração fui apenas seu catalisador.
Neste instante sem motivos aparente o mendigo começa a fazer uma careta, colocando e apertando seu peito com muita força. Ele grita de dor! Por minutos o Rubens e sua esposa ficam apenas observando o acontecido, até que o homem caí no chão.

Cena IV

Após a possível morte daquele homem, a histérica e logo a risadinha vagam em volta do corpo dele. O Rubens e sua esposa apenas observam.

Histérica

_Gritando de uma forma estridente.

Risadinha

_ Rindo em demasia.

Depois deste ato a histérica chorando tira por baixo da camisa um saco vermelho, e cobre o homem.

Cena V

Em seguida a histérica e a risadinha saí de cena. Vendo aquela situação, Rubens e a esposa não entendem nada.

Rubens

Desesperado.
_ Viu era aquela mulher que estava aqui em casa. O engraçado que a vi durante meu dia.

Esposa

Boquiaberta.
- Eu é que não estou entendendo nada.

Rubens

Gesticulando muito, e andando pelo homem deitado no chão.
_ Nossa o que está acontecendo! Vivia uma vida estável até hoje de manhã, e agora tenho um morto no chão de minha casa.

Esposa

Gritando com veemência
_ O que vamos fazer Rubens? Se a policia aparecer, podemos ser preso! Como vamos explicar sobre o ocorrido? Sobre aquelas mulheres, que entraram e saíram de casa. Que vergonha, morrerei na cadeia.

Rubens

Tentando acalmar a esposa.
_ Calma mulher.

Do nada neste instante o mendigo berra, e levanta a parte superior do corpo. Olha para Rubens e profetiza...

Mendigo

_ Não adianta Rubens, ela estará vindo, o inevitável, a rainha do sub-mundo, a pior coisa que você já viu, ela vai te libertar...
Cai novamente.


Que confusão, quem serás que estarás vindo? O que vai acontecer com o Rubens? E sua esposa? O mendigo estás morto ou não? Não percam amanha.
A continuação do...
Sistema do fracasso.


Sistema do fracasso p.III

Sétimo Ato

As luzes se apagam, com uma musica de fundo aparece uma mulher toda de branco, e com uma maquiagem fortíssima no rosto. A principio parece que chorava, devido às manchas pretas escorrida na face.


Cena I

Uma mulher caminha na frente de Rubens, olhando em seus olhos, tentas abraçam-no! A esposa fica estratificada sem fazer nada.


Rubens

Após o abraço, ainda paralisado e gaguejando  diz:
_ Quem é você?

Fracasso

Rindo bastante e analisando os olhos do Rubens
_ Quem sou eu? Eu sou... Seu fracasso!

Rubens

_ Como assim meu fracasso?

Fracasso

_ Quando você ou qualquer pessoa se sente derrotado ou humilhado eu apareço.

Rubens

Sentindo que aquilo poderia ser loucura, coça os olhos, olha para esposa, que estás ali, mas parece que nada vê.

Rubens

_ Isso é loucura, como entrou na minha casa? E fracassado é teus parentes. Não me sinto com nenhum sentimento do fracasso em minha alma.


Fracasso

_ Você apenas não admite para si mesmo. Pois nós não admitimos nosso fracasso pessoal.

Rubens

Esquecendo o lógico, começa a debater com aquela figura.
_ Então qual é meu fracasso?

Fracasso

Com ar de deboche.
_ O seu fracasso simplesmente é sua... Vida!


Rubens

Indignado.
_ Nunca fracassei, sempre tomei as decisões certas.

Fracasso

_ Você está errado. Eu te explico: Você como todos, tem fracassos. Fracasso no serviço, no amor, em seus objetivos pessoais e toda vez que isto acontece, é como se perdêssemos um pedaço de nós.

Neste instante a esposa reage, parece que o efeito da paralisia acaba ela grita como uma insana.

Esposa

_ O que isso? Saia de minha casa, lunática.
Avança para atacar o Fracasso. Mas com um grito estridente a histérica reaparece e atrapalha.

Histérica

_ Gritando e correndo... Quando percebe que o Fracasso a olha nós olhos, se intimida tanto, que saí de cena se arrastando e com muito medo. Rubens apenas visualiza, a esposa também.

Cena II

O Fracasso expele com tanta força e pavor sua voz mandando, Rubens e sua esposa ficarem quietos e sentados. Ela vai explicar o que esta acontecendo.

Fracasso

Olhando para os dois.
_ Vejam só. O casal de fracassados.

Rubens

Tenta retrucar.
_ Vá se fuder. Saí da minha casa.

Esposa

Aproveita a fúria do marido.
_ Isso mesmo, desapareça!

Fracasso

Energicamente e nervosa, ela levanta sua mão apontando para os dois.
_ Saibam que nada pode me impedir palavras para o fracasso o dão força para sobreviver. É disso que vivo da agonia dos fracassados.
Terminando sua fala, a mesma abaixa lentamente seu corpo, estremecendo sua matéria até jorrar lagrimas.

Cena III

A mesma musica anterior retorna e com ela um homem, fantasiado de anjo e com uma mascara com a expressão de dor. Indo em direção a mulher fracassada, apóia-a em seus braços, e a levanta. Rubens e sua esposa direcionam sua mente para eles, mesmo não entendendo nada.

Aprendiz do Fracasso

_ Levante minha Rainha!

Fracasso

Olhando aquele homem, levanta e pairando sua visão ao horizonte.
_ Saibam que este é meu sucessor, ele fracassou tanto que não tem coragem de fazer mais nada, a não ser, obedecer...

Aprendiz do Fracasso

Indagando o Fracasso.
_ São deles que devemos extrair sua congênita moléstia?

Fracasso

_ Sim!

Rubens

Buscando entendimento, e cansado daquilo, embrutecido fala.
_ Não agüento mais isso. Saiam daqui.

Fracasso

Agora rindo, explana.
_ Calem-se os dois. Não atrapalhem meu fracassado maior, ele agora vai expor o que vocês precisam entender.

Aprendiz do Fracasso

Olhando para Rubens e sua esposa.
_ A cruz é pesada? Deus te abandonou? Ou foram os dois que erraram tanto?

Rubens

Gritando.
_ Chega!

Fracasso

_ Isto o melhor símbolo para o fracasso. Rubens me diga, a verdade é dolorida?

Rubens

_ Do que está falando? Não existe nada para ser dito.

Fracasso

Indo em direção a esposa e do Rubens. Seu aprendiz vai atrás.
_ Nunca aceitamos o que acontece.
Toca a esposa que em seguida compulsoriamente escarnece de lagrimas.
_ Mas fique tranqüilo, eu sou apenas o fracasso, vou te apresentar quem controla tudo. Tudo mesmo!


Quem serás que vai aparecer? O que está acontecendo na vida do Rubens?
Quem são estes seres? Imaginários ou reais?

Não percam amanha a ultima parte de...

Sistema do Fracasso...

Sistema do Fracasso p. IV


Oitavo Ato

Com musica de fundo, aparece um homem, com uma camisa preta, calça da mesma cor, e descalço, tinha uma barba ralinha

Cena I

Rubens e sua esposa olham admirando a beleza daquele homem. Fracasso e seu aprendiz ficam distanciados do sistema.

Rubens

_ Quem é você agora?

Sistema

Com veemência
 _ Eu sou o senhor de tudo, Eu sou o SISTEMA! Preste atenção no que vou falar Rubens, pois não repito.
Começa a mexer as mãos.

Rubens

Com ar de medo.
_ Isso não existe. Poderás ser coisa de minha mente. Ou deva estar tendo um pesadelo.
Após a fala pega a esposa pelo braço e chacoalha.
_ Vamos-me acorde, faça alguma coisa...

Esposa

Chorando.
_ Me larga, eu não agüento mais está vida ao seu lado. Eu não te amo.
Empurra Rubens.

Rubens

Não entendo sua esposa.
_ Do que você está falando, existem pessoas estranhas e malquistas aqui neste recinto, e você vem me dizer que não me ama!

Esposa

Gritando.

_ Realmente não estou entendendo nada do que acontece, mas cansei disso, viver ao seu lado sempre foi loucura para mim. Não quero mais viver ao seu lado.

Cena II

Rubens olha para o Sistema e percebe que o mesmo, sinaliza com as mãos em direção a sua esposa. Fracasso e seu aprendiz obrservam.

Rubens

_ O que você está fazendo com ela?

Sistema

_ Ela minha marionete, bem todos vocês são minha marionetes, meus fantoches.

Rubens

_ Como assim somos seus fantoches?

Sistema

_ Calma eu explico. Melhor, vou mostrar!


Sistema

Vai em direção a esposa, e brinca com ela. Ele sendo o controlador e ela a fantoche.
Começa a rir.

Rubens

Assustado.
_ Não entendo como isso pode acontecer...

Sistema

_ Não entendeu? Então vou mostrar com mais ênfase.
Chama suas marionetes.

Cena III

Com o chamado do Sistema, entram um homem de terno e uma mulher de vestido social. A esposa continua imóvel, Rubens horrorizado com o ato. Fracasso e seu aprendiz continuam observando.

Sistema

Aproximando do homem e a mulher que parecem zumbis, e da esposa.
_ Vou apenas estalar o dedo e eles estarão em meu controle.
Começa a interagir de poderoso.

Rubens

Curioso nada faz.

Sistema

_ Agora veja meu poder, quando bater palmas elas voltam ao normal.
Neste instante a esposa e as marionetes parecem voltar ao normal.

Marionete Homem

Atordoado.
_ Onde estou?

Marionete mulher

Desesperada.

_ Me ajudem, por favor, cadê minha casa.

Esposa

Gritando.
_ Rubens! Eu te odeio.

Sistema

_ Chega!Volte á mim.

Rubens

_ Esse poder é incrível.

Cena IV

Fracasso resolve abrir sua boca, debate com o Sistema. Rubens impaciente observa. Marionetes e a esposa ficam paralisadas e de cabeça baixa.

Fracasso

_ Manipular é fácil, qualquer um consegue é só querer.

Sistema

Indo em direção ao Fracasso e seu Aprendiz.

_ Quem está aqui? O fracasso em pessoa. Olha você arranjou um fracassado como sombra.
O Sistema usa as mãos para tentar controlar o Fracasso.

Fracasso

_ Não adianta. Jamais irá me controlar de novo.

Rubens

Espantado atrapalha o dialogo dos dois, Sistema e Fracasso.
_ Não quero atrapalhar, quero respostas agora!
Sistema

_ Vou explicar uma coisa. Ouça-me com atenção.
Começa a rodar pelo ambiente.
_ È simples, eu sou um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado, exemplo a escola temos um sistema aberto e um sistema de reprodução.
Continuando e gesticulando.
_ No sistema aberto; é quando você entra na escola sua mente está vazia e predisposta ao todo. Mas durante seu processo de conhecimento, você muda a produção para reprodução.

Rubens

_ Não entendi!

Sistema

Olhando para os olhos do Rubens.
_ Durante os anos de sua vida, o sistema direciona novas ideologia, que você com certeza vêem com indiferença, você se preocupa é com o bem estar, seu egoísmo o leva ao marasmo. Ao infinito do nada! Por isso sua mente é um sistema fechado.

Rubens

_ E depois?

Sistema

_ Depois vem o nada de conhecimento, você se transforma em um homem ou mulher hipócrita, reprodutor, insano, podre e em decomposição. Um cão depressivo e fácil de abrandar.

Fracasso

Revoltada, pede com um grito desesperado.
_ Já falou muito, ele é meu ele está no ápice do fracasso, eu fico mais forte quando uma pessoa é fraca para não sair desta sensação de fracasso.
Avança para Rubens.

Sistema

Sorrindo
_ Calma fracasso só estou iluminando um pouco á mente dele.

Rubens

Com olhos arregalados.
_ O que está acontecendo, é como o mendigo falou estou louco. Estou á beira de um colapso.

Depois disso Rubens cai no chão.

O que vai acontecer na nossa ultima parte de...
Sistema do fracasso.

Sistema do Fracasso p.V


Nono Ato

As luzes se apagam o cenário se transforma. As luzes se acendem um homem com um terno rasgado olha para Rubens, que deitado continua.

Moral da historia
Com as mãos no bolso do paletó, Moral da história olha para Rubens.
_ Na sua mente deve estar se perguntando, o que é tudo isso?
Olha para frente.
_ Ele está dormindo, possivelmente sonhando estar em algum lugar. Eu mesmo sou uma imagem codificada da mente dele. Diferentemente de todos que pairaram neste esquisito sonho, eu sou a lógica, a razão. Eu vivo sempre para acordá-lo. O engraçado que sempre é assim... Ele nunca reage, sofre com o fracasso!
Aqui eu consigo livrar das armações que o mesmo cria. Na vida real tudo é diferente. Ele não tem a mim. Por fim a realidade fracassada deste homem é não fazer proveito intenso das coisas que o destino oferece. Desconhecemos muitas vezes este terrível manipulador sistema que nos rege. Somos fracassados por nos permitir sermos sempre essas marionetes do sistema, somos apenas um número para o Estado e nunca deixaremos de ser, enquanto não acordarmos para a nossa real situação e mostrar que temos voz, que pensamos, sonhamos e agimos.
Nós sonhamos sobre nossas próprias angustias medos, desejos e sensações diversas. O cotidiano maltrata qualquer coração.  O momento do sono é uma linguagem viva! Devido à mesma ser uma memória viva do seu todo. Agora tenho que ir, daqui a pouco ele precisa levantar-se para trabalhar.
Olhando para platéia.
_ Imaginem se ele não levantar-se a tempo poderás chegar atrasado ao serviço.



Realidade/Joy division