sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Conto/Dona de casa



E stava outro dia olhando-me no espelho, tenho vinte e cinco anos com cara de quarenta. Tudo porque sou dona de casa. Não ganho nada para está profissão. Acabo ficando ferrada com tanto afazeres. Portanto sou uma escrava!
Tenho vontade de sair na rua e gritar, quero que me ouçam com atenção, apalermados são os seres que casam. Recordo quando meu pai soube do meu namoro, jocosamente atribuiu que aquele sentimento era simplesmente uma paixão. Não liguei, acabei casando, e me ferrando. Sou dona de casa.
Na primeira crise fui chorar no colo dos pais. _ Eu lhe disse, minha filha! Este seu marido é bundão, deixou você na solidão. Atenciosamente foram estas as palavras do meu pai. Tirando os atos burlescos que o mesmo proporcionou a me ver chorando. Depois disso, voltava para casa. Diariamente meu esposo alegava que as reclamações vindas de minha pessoa eram extremas. Imaginem comigo, olhar para o bolso, e encontrar osso. Dinheiro? Isso não tem. Ele é do tipo machista, mulher não trabalha, virá dona de casa.
Meu marido tem a pachorra de ter certas afirmações: _Você tem que se conformar, te dou de tudo, sem pedir nada em troca. Não sei como agüento isso. Além do filho para cuidar, o desgraçado tem um cachorro, como eu suporto cada coisa. Minha lista diária
é lavar a louça, varrer o chão, passar roupa. Diante dessas situações ainda tenho que ser feliz. Sou dona de casa.
Para liquidar qualquer perspectiva de sucesso no relacionamento, aquele “mocetão” de épocas atrás, transformou-se em um sapo brejeiro, como pode virar cachaceiro! Está vida cansa, sou humilhada, pisada, tem dias que me sinto um nada. Por que tudo isso? Porque sou dona de casa.
Sou um reflexo da nostalgia, e desta forma não dá mais para viver. Vou dar um basta.
É difícil terminar meu casamento, ele não vive sem mim, vou dialogar na passiva, para ver se ele me entende. Vou mostrar meu sofrimento. E se assim nada mudar. Fazer o que? Irei continuar.
Mas uma coisa eu digo e repito:
Sou dona de casa,
Não ganho nada.
Fico ferrada,
Pois sou uma escrava...

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